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 Interpretação e análise pessoal do álbum The Downward Spiral

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Mr. Self Destruct
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Mr. Self Destruct


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MensagemAssunto: Interpretação e análise pessoal do álbum The Downward Spiral   Interpretação e análise pessoal do álbum The Downward Spiral Icon_minitimeSáb Jul 24 2010, 14:55

Boas pessoal.
Ha dias fiz um trabalho para a disciplina de semiótica em que tinhamos que analisar um obra de arte qualquer. Escolhi analisar este album, e acho que até ficou qualquer coisa, por isso gostaria de partilhar a minha interpretação com vocês.

aqui vai:

Análise Semiótica do álbum The Downward Spiral

O álbum conta a história de uma personagem (o seu nome nunca é revelado), que perde as suas crenças neste mundo e a vontade de perseguir qualquer objectivo. Desprovido de valores, num estado depressivo e louco, entra numa espiral que só acaba na sua morte.
As letras são agressivas, mas no entanto raramente mostram a raiva só por si. Esta toma a forma de sentimentos como angustia ou frustração. Liricamente representa alguém cheio de dilemas morais, perdido, sem saber o que fazer, ou que caminho percorrer.
Foi composto apenas por uma pessoa: Trent Reznor, o que indica que a narrativa do álbum possa ter sido inspirado em alguma fase da sua vida.

Eu olho para o álbum como uma viagem à mente de alguém. Alguém que se enoja a si próprio pela sua inabilidade em se relacionar com outros humanos. Alguém desesperado por encontrar algo que dê significado á sua vida. Alguém vazio de crenças e valores. Uma viagem tão bela quanto perturbante.

É um conflito entre duas personalidades, não de um ponto de vista esquizofrénico, mas sim de um ponto de vista da dualidade de pensamentos, ou como a existência de um lado negro. Ao longo do álbum é travada uma luta entre esses dois lados, à medida que um vai tomando controlo sobre o outro. Sonoramente, essa luta é descrita dividindo o album, ou até mesmo certas músicas dele, em momentos agressivos e momentos sensíveis.

Mr. Self Destruct

Mr. Self Destruct é a primeira faixa do álbum, é como uma introdução para o seu conceito, e uma previsão para o que vai acontecer. Começa com o som quase imperceptível de um homem a ser espancado, até explodir num turbilhão de sons acompanhados por uma voz calma. Basicamente é uma lista descrita na primeira pessoa de todas as razões que levaram a personagem do álbum a entrar numa espiral depressiva: Sexo – “I am the lover in your bed” -, o sufoco de sentimentos ocultados – “I am the hate you try to hide” – drogas – “I am the needle in your vein” –, vícios – “I am the need you have for more” -, entre outros, todos eles têm em comum o facto de serem veículos de controlo e manipulação. Na própria musica é possível ouvir depois de cada verso um suspiro com as palavras “And I control you”, o que mostra que todos os aspectos referidos como auto-destrutivos assim o são porque são meios de controlo sobre nós.
Mas no fundo, o elemento mais auto-destrutivo está presente no último verso antes do refrão: os nossos sonhos. Se pensarmos, os nossos sonhos, ou os nossos objectivos, são meios de controlo de nós próprios. São metas que estabelecemos a nós próprios e controlamo-nos de forma a conseguir aquilo que achamos o que é melhor para nós. Haverá algo mais auto-destrutivo do que os perdermos, ou vermos que nenhum deles se poderá tornar realidade? O que pode impedir alguém que vê que todos os seus sonhos não se vão tornar realidade de cair numa espiral de niilismo e desespero? São eles que nos podem deitar abaixo. O verso “I am the end of all your dreams” é para mim o mais importante de toda a composição.
O refrão, “I take you where you want to go / I give you all you need to know / I drag you down I use you up” representa a essência do que é a auto-destruição.Representa que aquilo nos consome é aquilo que desejamos mais, pois é isso que possui total controlo sobre nós.
Sonoramente, a música tanto salta repentinamente de partes agressivas para partes calmas. È a melhor forma de representar a bipolaridade da personagem, e o conflito entre ele e o seu próprio ego. O conflito entre o seu Eu social e sentimental e o seu Eu niilista.
Em certo ponto da musica também é possível ouvir em suspiro as palavras “I am an exit”.
Todos estes aspectos apresentam-se como uma escapatória aos seus problemas, e a nossa personagem entra neles de olhos vendados, pensando que é uma forma de se salvar da sua ruína.


Piggy


A música Piggy representa para mim o inicio do estado depressivo em que a personagem caiu. Tudo o que foi referido em Mr. Self Destruct contribuiu para a sua queda, mas vejo esta música como a “gota de água”. Ao contrário da faixa anterior, esta é bastante calma. É cantada num tom aliviado, não depressivo: ele já estava à espera daquilo que o ajudasse desistir há muito tempo.
A letra é uma espécie de conversa ou desabafo que a personagem teve em algum ponto com alguém, alguém em quem certamente possa ter colocado esperanças para no fim o desiludir, e hoje sente tanto desprezo que a denomina como “piggy”.
No fundo, esta musica é, tal como a Mr. Self Destruct, uma introdução á espiral, mas uma introdução mais sóbria, mais calma e menos alucinada. Por exemplo, “Nothing's turning out the way I planned” é, no fundo, o mesmo que “I am the end of all your dreams”.
Mostra também o quanto ele se encontra perdido, sem saber que rumo seguir: “What am I supposed to do?”
Sonoramente é calmo, quase a um ritmo blues, mas á medida que a música progride a bateria torna-se mais violenta, no fim, a sua intensidade supera tanto a voz como qualquer outro instrumento: representa o mundo a desmoronar-se á sua volta.
Os versos mais importantes são sem duvida “Nothing can stop me now cause I don’t care anymore”. A frase “Nothing can stop me now” é repetida de forma compulsiva e até doentia. É O verso deste álbum. È repetido em mais musicas para alem desta, e representa o estado de espírito que acompanha esta viagem. Representa, em Piggy, o inicio da sua queda.
Depois de tudo o que aconteceu ele perdeu a capacidade de sentir e de se importar. Depois de tudo o que aconteceu nada o conseguirá parar.


Heresy


Nietzsche afirmou no livro Assim Falava Zaratustra que deus estava morto. Esta música é uma clara menção á citação do filósofo ao usar o verso “Your god is dead”
Aqui, a personagem arrasta deus dos céus até á terra ao admitir o homem como o criador de deus e não o contrário: “He dreamed a god up and called it Christianity” e em seguida mata-o negando a sua existência: “Your God is dead and no one cares”.
No entanto, quando deus cai, o que cai com ele? Quando ele matou o seu deus, ele matou também tudo o que representava. Agora, ele encontra-se sem valores morais nem princípios, e sem qualquer tipo de significado para a sua existência. Deu o primeiro passo para o Niilismo.
Heresy representa o vazio moral que se encontra na personagem. Enquanto a religião é para muitos um conjunto de valores irrefutáveis, ele pisa esses mesmos valores nesta música. Grita desesperado que deus morreu afogado na sua hipocrisia, na esperança de conseguir abrir os olhos a alguém e não estar sozinho na sua forma de pensar. No entanto todos têm medo do que poderão ver quando abrirem os olhos: “He sewed his eyes shut because he is afraid to see”.
Fala de deus como alguém violento, o que no fundo, se alguém observar a história do deus cristão sem qualquer tipo de influência social, é inevitável não a ver como uma história de violência e punição. Isso é referido nos versos “His perfect kingdom of killing, suffering and pain / Demands devotion atrocities done in his name”.


March of the Pigs


Na música Piggy vimos o desprezo que ele sentia para com uma pessoa específica. Em March of the Pigs ele alastra o seu desprezo para todas as pessoas que conhece.
Esta música descreve como ele interage com as pessoas em seu redor, ou melhor, como ele não interage. Descreve como é que ele vê a sociedade, e na sociedade que ele vê qualquer pessoa que recuse as suas crenças e os seus modos de vida é imediatamente considerado alguém a mais, e alguém que deve ser posto abaixo. Mostra, logo pelo título da música o pavor que ele sente pelas outras pessoas. Aquilo que está entre aspas na letra representa o que ele sente que os outros sentem em relação a ele: Tanto é curiosidade sobre o que ele é, como a vontade de o ver cair: “I want a little bit / I want a piece of it / I want to watch it come down”
Ele vê-se como alguém diferente dos demais. O verso “All the pigs are all lined up” é uma comparação entre as pessoas e as linhas de produção em massa, mostrando que aos olhos dele, todas as pessoas são exactamente iguais e ele está só na sua forma de pensar.
Ele não consegue se adaptar a este mundo, ele afasta-se das pessoas tanto quanto elas o afastam. É incapaz e confiar, ou de sentir qualquer tipo de ligação emocional. Então, a sua única solução é desistir, e mesmo não sendo um deles, fingir que possui os seus sentimentos e as suas formas de pensar, pois só assim ele se sente melhor consigo próprio: “Now doesn't that make you feel better? / The pigs have won tonight / Now they can all sleep soundly / And everything is all right”.
Repare-se nos opostos se sonoridade. Em grande parte da música ele mostra o seu interior tal e qual como é: confuso, complexo, imperceptível, numa sonoridade violenta, mas no final da música tudo isso termina de repente para a voz ser acompanhada apenas por um piano, representando a personagem a ceder perante os porcos, e, embora não se tornando num deles, finge que é um deles pois é a única forma de sobreviver.
É nesta música que se “ouve” pela primeira vez o lado louco da personagem.


Closer


Closer é o aprofundamento de dois dos versos da primeira música do álbum: “I am the lover in your bed / I am the sex that you provide”.
Aqui ele entrega-se totalmente á única coisa que tanto o faz sentir mais próximo de humano como o faz esquecer aquilo que é: sexo.
Nos primeiros quatro versos mostra o quanto está sedento de controlo, vendo na sua parceira sexual uma forma de controlar algo. A frase “You get me closer to god” mostra o seu desejo em aproximar-se do seu estatuto de deus (algo que será aprofundado na musica Big Man With A Gun), sendo “deus” alguém capaz de controlar aquilo á sua volta. Os versos seguintes mostram o quanto vazio se encontra: “I broke apart my insides / I’ve got no soul to sell” e ele vê no sexo a única coisa que o pode tirar deste estado vazio: “the only thing that works for me”.
No entanto não é só o acto sexual em si que surge como uma cura para a sua condição, mas também o facto de nele ele conseguir tornar-se primitivo, “like an animal”, e conseguir desligar-se da sua consciência.
Ao mesmo tempo que ele sente necessidade de controlar algo, esse algo acaba por o controlar a partir do momento em que ele se entrega: “You can have my absence of faith; you can have my everything”, criando assim um paradoxo. O seu maior desejo é poder sentir que pode controlar algo ou alguém, e realiza-o mesmo que isso signifique que também esse alguém o controla.
A personagem tanto se entrega sexualmente como psicologiamente. No entanto, aquilo que ele têm para dar é apenas o seu vazio e aquilo que acarreta – a sua solidão , o ódio que isso lhe deu, e a sua falta de fé. O verso “You can have my everything” pode ser lido como “tu podes ter o meu nada”.
È nesta música que a personagem mostra pela primeira vez o desejo de se tornar em algo diferente, ou de deixar o seu lado negro tomar controlo sobre si: “Help me become somebody else”.
Toda a sua existência é a partir deste momento dependente se uma outra pessoa: “You are the reason I stay alive”. Quando essa pessoa desistir dele, tudo o resto cairá por si.


Ruiner

Depois de deus ter sido aniquilado na música Heresy o álbum foca-se noutra luta, a luta interior dele. O seu Eu humano contra o seu Eu sem valores nem sentimentos.
Na música Ruiner temos dois enunciadores: Ele próprio, e o seu Alter-Ego, nominando-o nesta musica como o Arruinador. O primeiro preenche quase toda esta música falando do segundo na terceira pessoa.
Ao longo da letra é possível encontrar quatro questões vindas do seu outro Eu: “You had all of them on your side, didn't you? You believe in all your lies, didn't you? You had to give them all a sign, didn't you? You had to cover what was right, didn't you?”. A personagem está em ruína, e vê o seu Elter-Ego como o responsável por isso, mas este fá-lo ver através de perguntas retóricas que a personagem é a única responsável pelo seu destino. Foi ela que escolheu acreditar nas suas mentiras e esconder aquilo que estava certo.
Existem também outras quatro questões vindas dele próprio para o seu outro alter-ego: “How'd you get so big? How'd you get so strong? How'd you get so hard?
How'd you get so long?”. A personagem neste ponto espanta-se com o poder que o Arruinador já adquiriu, e interroga-se como é possivel ele se ter tornado assim.
Para além disto, o autor coloca-nos uma definição do Arruinador, vendo-o como alguém controlador e falso (ele próprio viu isso na musica inicial do álbum: “I am the lies that you believe, and I control you.”), e vendo também que a sua única salvação é deixar que esta sua outra personalidade se apodere dele: “Now the only pure thing left in my world is wearing your disease.” Mesmo sabendo que isto já o arruinou – “Maybe it's a part of me you took to a place i hoped it would never go / And maybe that fucked me up so much more than you'll ever know” – ele cede, deixando assim ser controlado pela própria criação da sua loucura.
Ele escolhe tornar-se louco. A loucura é a sua saída. Ele pode trancar assim, a troco da sua sanidade, todas as memórias do seu passado que o atormentam, e destruir a raiz de todos os seus dilemas: a capacidade de sentir: “You didn't hurt me, nothing can hurt me. You didn't hurt me, nothing can stop me now.”
È também nestes ultima versos que é iniciada a sua transformação, começando pela anulação da sua capacidade de sentir. Uma definição aprofundada desta transformação ou tomada de poder do seu alter-ego é dada na próxima música.


The Becoming


A personagem está a fazer aquilo que qualquer Homem mentalmente são faria na sua situação: está a tornar-se louco.
The Becoming é onde a sua transformação está completa. A transformação num Homem - Máquina, incapaz de sentir e sem valores, esquecendo o Homem – Humano/Sentimental que era dantes. A única forma dele sobreviver na situação cruel em que se encontra é libertar aquilo que se encontrava dentro de si e ainda mais cruel era: o niilismo e a indiferença.
Começa com uns versos bastante perceptíveis contando-nos da sua transformação. Depois, fala-nos daquilo que ele era e de como essa parte dele morreu: “The me that you know doesn't come around much, cuz that part of me isn't here anymore.” Ou seja, ele vê-se como alguém novo, e alguém que nega tudo o que foi ate agora para subir a um próximo nível, negando a sua humanidade numa questão de sobrevivência.
Embora ao longo da música a personagem diga até com orgulho que o seu antigo Eu foi ocultado, ao aproximar-se do fim da música mostra que parte de si teme aquilo em que ele se tornou, embora já não encontre volta a dar: “I don't want to listen but it's all too clear.” È um ultimo lamento em relação à traição do seu verdadeiro Eu.
A música é completamente alucinada, repleta de sons maquinais, no entanto a certo ponto tudo isso acaba para ser substituído por um ritmo e voz leve, como uma oportunidade que o seu Eu verdadeiro que agora está preso na sua consciência teve para usar a sua voz. Escondendo-se dentro dele próprio, sente-se estranhamente sem medo: “Hiding backwards inside of me I feel so unafraid.” Aqui, é usado pela primeira vez o nome da personagem introduzida na música Closer: Annie, dizendo-lhe “hold a little tighter I might just slip away”.A personagem pede-lhe assim para não o deixar cair e perder-se na sua consciência, afirmando que é possível que se afaste, mas mesmo quando o fizer ele quer que ela lute contra isso.
Nos últimos versos mostra as verdadeiras intenções do seu Alter-Ego ao apoderar-se dele, e de como a sua vontade está presa no seu pensamento: “It won't give up it wants me dead, Goddamn this noise inside my head!”. A mesma frase é repetida de forma compulsiva e obsessiva, como se a voz humana tivesse tido uma oportunidade de ser ouvida, e usa-a como um grito por ajuda. Um grito que será aprofundado na próxima musica, I Do Not Want This.


I do Not Want This


Esta música é uma oportunidade do seu Eu verdadeiro, preso algures na sua consciência agora controlada pelo seu desejo de indiferença, para dizer aquilo que sente. O tempo está a esgotar-se – “I’m loosing ground” - para qualquer tipo de sobrevivência do seu Eu humano, e este teme que se encontre só na sua forma de pensar, e nesta doença que o atormenta.
Em dois pontos da música são proferidas palavras praticamente imperceptíveis (as partes entre aspas na letra), e representam um grito por ajuda vindo de uma parte da sua consciência que ainda é humana. O facto de ser quase impossível perceber o que é dito mostra que o seu lado humano é cada vez menos relevante nesta sua nova mentalidade, e que ela própria o impede cada vez mais de este se tornar presente. Este grito por ajuda é dirigido a Annie, no entanto torna-se claro numa das músicas finais, Reptile, que para esta sempre foi indiferente o estado da personagem, logo este “cry for help”, como a personagem assim o denomina, mesmo que seja ouvido irá ser ignorado.
Ao longo da letra o seu Eu humano prevalece, no entanto, de alguma forma a sua voz é influenciada pelo seu Eu actual, deixando-se apoderar pela raiva enquanto grita “You don’t know just how I feel”, sublinhando um dos seus primeiros versos, “I fear I’m the only one who thinks this way”, ou seja, ao se aperceber do quanto incompreendido é, ele teme que seja a única pessoa neste estado. E no meio da sua raiva ele deixa-se apoderar novamente pelos seus sentimentos de indiferença, e pelos seus desejos de controlo, afirmando no final: “I want to know everything. I want to be everywhere. I want to fuck everyone in the world. I want to do something that matters.” Ele afirma para si próprio os seus desejos de se aproximar a um estatuto de deus, desejando poder e conhecimento absoluto, uma liberdade total e uma separação dos limites humanos.
Este seu desejo te se tornar deus irá ser aprofundado na musica Big Man With a Gun.


Big Man With a Gun


O que poderá dar mais poder a um homem do que a capacidade de tirar a vida a quem quiser? E o que pode ser melhor para nos dar essa capacidade do que uma arma?
Aqui ele obtém uma arma, mais propriamente uma arma de fogo, e descreve o poder que ela lhe transmite. Admite a sua vontade de matar, não por um motivo de raiva específico, mas apenas porque isso lhe transmitiria a ideia de poder e de que estava em controlo: “Maybe I'll put a hole in your head, you know, just for the fuck of it.”
O mesmo tipo de controlo violento que o Homem atribuiu a deus, é agora atribuído do Homem para ele próprio.
Se repararmos, este desejo de poder, a sua fonte e a forma de o utilizar é usado um pouco por todo o mundo: em guerras, no desejo de aumento de material bélico pelas grandes potência, e, provavelmente o melhor exemplo, em tiroteios em escolas, feitos por jovens que provavelmente sentiriam o mesmo que a personagem deste álbum.
Esta música poderá ser ilustrada com uma citação de uma das personagens mais marcantes dos anos 90, que teve uma história dolorosamente semelhante a esta:

“Comprei uma arma, para defesa pessoal. No entanto, apercebi-me que a gostava de a usar, apenas por diversão. Gosto da segurança e do poder que me transmite. E, se algum dia me quisesse suicidar, (a arma) poderia tornar tudo mais simples.”

- Kurt Cobain


A Warm Place


Esta música é uma quebra total no ritmo do álbum. Este, que crescia em violência e loucura, pára agora para um momento calmo, e de introspecção. Aqui a personagem pára para reflectir em tudo o que lhe aconteceu, e naquilo que se tornou. Apercebe-se que dedicou os seus últimos tempos de vida a incutir dor aos outros na esperança de conseguir escapar á sua própria dor. As musicas desta banda que abordam temas como a morte costumam ser calmas e acolhedoras (como por exemplo as musicas La Mer e The Great Below do álbum The Fragile), portanto eu acredito que seja aqui que ele se apercebe que o seu fim é a morte, mas vê isso como algo tanto triste como calmo e aliviante.
O álbum terá um percurso completamente diferente e mais sóbrio até ao fim.


Eraser


Em Warm Place ele apercebe-se que o seu fim e a sua única cura é a morte. Aqui ele começa a dar os seus primeiros passos para ela.
Acredito que esta música seja dedicada a Annie. No princípio ele começa por dizer, ordenadamente, tudo aquilo que lhe fez, ou pretende ainda fazer, talvez na esperança que essas atitudes sejam retribuídas de igual forma. Na segunda parte da música ele grita desesperadamente para esta o destruir de várias formas, dando foco principal ao seu desejo de morrer, e do desejo de ela lhe dar os motivos suficientes para ele conseguir isso.
Ele mostra uma violência desesperada para consigo próprio. Ele ainda não está disposto a morrer, mas deseja que algo lhe alimente essa sua vontade para se libertar de uma vez por todas.


Reptile

A sua morte já se tornou um objectivo na sua mente, no entanto ainda não tem a coragem suficiente para premir o gatilho, e encontra na sua auto-destruição mental uma forma de cada vez mais se tornar indiferente a tudo e todos, principalmente a ele próprio, ate que se encontre indiferente o suficiente ao ponto de não lhe fazer diferença o facto de deixar de existir.
Esta música representam os últimos passos até ao fundo da sua espiral descendente, e ele usa a sua amante como uma forma de conseguir chegar lá o mais depressa possível.
Aqui ele fala dela como alguem frio e indiferente ao que lhe rodeia, no fundo, alguem semelhante a ele. Ela olha para a personagem como algo não superior a um objecto, e para ela, ele é apenas um número, não superior ao homem anterior a ele nem aos próximos: “She Spread herself wide open to let the inscets in”.
No entanto, por pior que ela seja, por mais que ele saiba que esta apenas o irá destruir mais, ele continua a seu lado pois é a única companhia que ele pode ter. Ele escolhe ver beleza nela mesmo sabendo o que ela realmente é: “Oh my beautiful liar, Oh my precious whore”.
O verso “I now know the depths I reach are limitless” mostra o seu momento final de realização, como se apercebesse que a sua morte estava bem próxima.
A sua morte é descrita nas próximas duas músicas.


The Downward Spiral


O fim. Ele finalmente acabou com a sua miséria. Aqui, é descrita a sua morte, mas do ponto de vista do seu Alter-Ego, do seu Eu indiferente a tudo, até mesmo á sua própria morte.
A música é arrepiantemente calma, e cada verso é dito de forma calma, sóbria, sem qualquer tipo de sentimento presente na sua voz.
De uma forma mais fácil do que ele pensava, usa a arma adquirida em Big Man With a Gun para por termo á sua vida.
Todos os versos aqui são proferidos de forma indiferente. De destacar o verso “Problems do have solutions you know?”.

Enquanto a sua voz niilista descreve o acontecimento, a sua voz humana grita desesperadamente, libertando todos os sofrimentos e a agonia que atormentaram a sua existência.


Hurt


A música Hurt é uma descrição da morte da personagem vista do seu lado humano. Na verdade do seu lado mais humano que até agora vimos. A música pode ser vista até como uma carta de despedida.
Ao longo o álbum, a personagem foi deixando de sentir, mas aqui, ele sente necessidade de o voltar a fazer, recorrendo á dor física para o fazer: “I hurt myself today to see if I still feel. I focus on the pain the only thing that's real”, vendo a dor física como a única coisa real neste mundo de mentiras e ilusões.
Abordando o seu doce amigo que, na verdada nunca existiu, lamenta o seu destino, e lamenta aquilo em que se tornou: “What have I become? My sweetest friend. Everyone I know goes away in the end”. Esta última frase é para mim a mais importante de toda a música. Se todas as pessoas que ele conheceu, eventualmente se afastaram, o que o poderia impedir de não se ter tornado no que se tornou? A mesma cicatriz pode-se ver nos versos: “Beneath the stains of time the feelings disappear. You are someone else I am still right here”. A dor de ver as pessoas que ama a afastarem-se dele foi aquilo que começou com o seu desejo de deixar de sentir (relembre-se a musica Piggy).
Aqui mostra também o desejo de dar o seu fardo a qualquer outra pessoa: “You could have it all. My empire of dirt”, e tambem a vontade de se vingar através de sentimentos: “I will let you down. I will make you hurt”. Ele vê na sua morte uma forma radical mas eficaz de conseguir fazer com que as outras pessoas sintam algo em relação a ele, que pelo menos se sintam magoadas consigo próprias por não ter estado lá para o ajudar.
Os últimos versos mostram a sua vontade de poder começar tudo novamente, e que se tal oportunidade lhe fosse dada ele iria encontrar uma maneira de se manter a ele próprio, ou seja, manter-se como humano, manter a sua capacidade de sentir. O último verso é interrompido por três explosões cujo som permanece até ao final da música. Representam a sua violenta morte. Para além de calar a personagem, corta o ambiente triste da música: uma representação sonora da morte em si.

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MensagemAssunto: Re: Interpretação e análise pessoal do álbum The Downward Spiral   Interpretação e análise pessoal do álbum The Downward Spiral Icon_minitimeSeg Jul 26 2010, 01:42

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MensagemAssunto: Re: Interpretação e análise pessoal do álbum The Downward Spiral   Interpretação e análise pessoal do álbum The Downward Spiral Icon_minitimeQua Jul 28 2010, 01:56

tá potente! parabens!
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MensagemAssunto: Re: Interpretação e análise pessoal do álbum The Downward Spiral   Interpretação e análise pessoal do álbum The Downward Spiral Icon_minitimeTer Ago 17 2010, 21:25

gosto!!
aposto que sacaste boa nota!
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MensagemAssunto: Re: Interpretação e análise pessoal do álbum The Downward Spiral   Interpretação e análise pessoal do álbum The Downward Spiral Icon_minitimeSáb Ago 28 2010, 23:38

Muito interessante!
Desde a escrita em si: o vocabulário, as transcrições devidas etc...
Até ao que está implícito nela...
Sei que é apenas uma interpretação tua... Mas...
Parabéns!
Percebe-se que saboreias o àlbum...
E está de facto uma excelente descrição do sabor dele no teu pensamento, que neste caso se transformou numa verdadeira língua!

(confesso que depois de ler este teu trabalho, vou ter que ir ouvir o álbum! lol)
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MensagemAssunto: Re: Interpretação e análise pessoal do álbum The Downward Spiral   Interpretação e análise pessoal do álbum The Downward Spiral Icon_minitimeQua Mar 02 2011, 04:45

DeadInHolyWood escreveu:
gosto!!
aposto que sacaste boa nota!

17 =p

O que vale é que a minha prof na altura era toda mente aberta (apesar de já tar a meios dos seus 50's) e achou interessante.
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MensagemAssunto: Re: Interpretação e análise pessoal do álbum The Downward Spiral   Interpretação e análise pessoal do álbum The Downward Spiral Icon_minitime

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